NO BRASIL, O TRANSPORTE MARÍTIMO É REGULADO PELOS
SEGUINTES ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS:
Ministério dos
Transportes
Que é o órgão máximo
no país na área, sendo o responsável por todos os tipos de transportes
aquaviários e terrestres, tendo como missão controlar e fiscalizar tudo o que
diga respeito a esta atividade.
STA - Secretaria dos
Transportes Aquaviários
Órgão do Ministério
dos Transportes, com o dever de executar a política para os transportes
aquaviários no Brasil.
Órgão vinculado à
STA, responsável pelo controle dos registros de armadores, fretes, acordos
bilaterais, conferências de fretes e outros assuntos reguladores do transporte
marítimo brasileiro.
Também vinculado ao
STA, responsável pelo controle dos portos, e a quem as Companhias Docas estão
subordinadas.
Vinculado ao
Ministério da Marinha, responde pela investigação e pelo julgamento dos
acidentes ocorridos na navegação marítima, podendo suas conclusões e laudos
técnicos serem usados pela justiça civil, quando necessário.
Também é o
responsável pelo registro de navios brasileiros que operam no transporte de
cargas, tanto na cabotagem quanto na navegação de longo curso.
Fonte:
www.intranews.com.br
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Texto escrito pelo Presidente do Conselho
A
CONSPIRAÇÃO QUE DEU CERTO
1996, disputava a regata Recife-Fernando de Noronha. Sol
bonito e tempo bom, com ventos de 15 nós na largada. Meu veleiro, com 10 anos
de construído, um Samoa 29 encarou valente a competição. Tudo bem abordo. Ao
cair da tarde o vento caprichou. Era como se a natureza falasse. Se querem
competição aqui estou eu. Foi crescendo sua força. O mar não ficou pra trás. As
ondas cresceram e começaram a quebrar. O velho Boré parecia não se incomodar
com aquela situação. Afinal, já tinha estado em situações piores. Todo
adernado, gritava pôr redução de área vélica Com esforço em plena escuridão da
noite, trocamos a genoa 2 pela 3 e colocamos a grande na segunda forra de riso.
O Boré, aliviado, seguiu o seu curso. Quase em pé, o piloto automático, agora
mais calmo, mantinha a proa no arquipélago de Fernando de Noronha.
Depois da difícil operação, fui para a cama e comecei a
conspirar contra o fogoso Boré. Com dez anos de boas velejadas, comecei a
acha-lo desconfortável, pequeno e desengonçado. Aí veio o estalo. Preciso de um
veleiro maior e mais confortável! Mas como fazer isto, se a grana está
curtíssima? "Vendo o velho Boré, recupero um Fundo de Garantia que está
inativo e arranjo outras sobras para completar o projeto. Naquele momento,
praticamente tudo estava decidido. Iria abandonar o velho companheiro e
construir ou comprar um barco maior.
De volta pra casa peregrinei pôr várias marinas, conduzido
por corretores de barcos, que me apresentavam verdadeiras maravilhas à preços
tentadores. Nenhuma delas chegava aos pés do valente Boré. A única saída
pensei, era partir para um barco novo¨. Fiz contato com Roberto de Mesquita
Barros, o Cabinho, que me informou estar concluindo um projeto de 34 pés,
design moderno e interior muito confortável. Após analisar a planta enviada por
fax, decidi. Vou construir o Boré Boré.
Negociado o projeto, recebi as plantas. Rapidamente abri o
envelope e vi pela primeira vez um projeto arquitetônico de um barco. Eram
plantas e mais plantas. Aí veio o primeiro desânimo: Descobri que não sabia
interpreta-las. Esse negócio não vai dar certo pensei. Mais calmo pedi socorro
ao engenheiro Marcelo Lemos, que paciente, duas vezes por semana, plantas
espalhadas pelo chão, o esclarecia os mistérios daqueles riscos, números e
escalas. A missão antes considerada impossível foi ficando mais fácil.
O passo seguinte foi contratar a mão de obra. Não queria nenhum ¨ expert¨ em construção naval. Então, contratei o artesão Jorge Conceição, entalhador de peças comercializadas no Mercado Modelo. Inteligente, observou o projeto e começamos de acordo com o manual do projeto a laminar às cavernas, vaus, etc... O espaço utilizado para montar a mesa de laminação foi na garagem da minha casa. Foram três meses de intensa atividade e início de alguns problemas. A serraria forneceu material fora das especificações, como sempre não queria se responsabilizar. Resolvi montar uma serra circular e cortar minhas próprias peças.
Vaus e cavernas prontas contratei o carpinteiro João Arcanjo, o Zito, para montar as seções e seguir as demais etapas da construção. Nova dificuldade. Os operários contratados não sabiam o que era popa nem proa. Nunca tinham trabalhado na construção naval. E poucas vezes tinham ido à praia. Agora, já todo compenetrado, fiz o papel do engenheiro e os ensinei a compreender a nova nomenclatura. O local previamente escolhido para toda a montagem do barco dói debaixo de um prédio abandonado e em final de construção localizado a cem metros da minha casa. A montagem do barco seguia em frente. O manual era a nossa bíblia. Vez em quando empacava. Pedia socorro ao Cabinho que, pacientemente, em longos papos telefônicos orientava a resolver os problemas encontrados.
O passo seguinte foi contratar a mão de obra. Não queria nenhum ¨ expert¨ em construção naval. Então, contratei o artesão Jorge Conceição, entalhador de peças comercializadas no Mercado Modelo. Inteligente, observou o projeto e começamos de acordo com o manual do projeto a laminar às cavernas, vaus, etc... O espaço utilizado para montar a mesa de laminação foi na garagem da minha casa. Foram três meses de intensa atividade e início de alguns problemas. A serraria forneceu material fora das especificações, como sempre não queria se responsabilizar. Resolvi montar uma serra circular e cortar minhas próprias peças.
Vaus e cavernas prontas contratei o carpinteiro João Arcanjo, o Zito, para montar as seções e seguir as demais etapas da construção. Nova dificuldade. Os operários contratados não sabiam o que era popa nem proa. Nunca tinham trabalhado na construção naval. E poucas vezes tinham ido à praia. Agora, já todo compenetrado, fiz o papel do engenheiro e os ensinei a compreender a nova nomenclatura. O local previamente escolhido para toda a montagem do barco dói debaixo de um prédio abandonado e em final de construção localizado a cem metros da minha casa. A montagem do barco seguia em frente. O manual era a nossa bíblia. Vez em quando empacava. Pedia socorro ao Cabinho que, pacientemente, em longos papos telefônicos orientava a resolver os problemas encontrados.
Para ajudar nas despesas vendi o velho e querido Boré ao
gaúcho de Porto Alegre Luis Felipe Badia, que veio a Salvador busca-lo.
Capitaneado por Badia, retornou a Porto Alegre, onde foi construído por Paulo
Mordente. Fui com a tripulação até Morro de São Paulo. Com muitas saudades me
despedi do bom Boré. Retornei a Salvador de escuna.
De corpo e alma e com todo o gás, dediquei-me 'a
construção do Boré Boré. Praticamente abandonei todas as minhas atividades.
Continuava apenas a dar aulas na Escola de Belas Artes da UFBa, onde sou
professor. Valeu a pena. Nos fins de semana os amigos nos visitavam. Tornei-me
um ¨Consultor Naval¨. A cada sábado uma comemoração. Minha filha Gabriela, a
mais entusiasmada pelo projeto, nos servia cervejas bem geladas. Uns,
entusiasmados com o andamento da obra. Outros não acreditavam na sua
finalização. Bons sábados. Concluí que a construção amadora de um barco requer
fibra e obstinação. Qualquer pessoa é capaz. Os mistérios todos estão indicados
nas plantas. Errei várias vezes, confesso, porém todos os enganos foram
consertados a tempo. Laminado o casco, seguiu-se à nova etapa. Foi desvirado
com auxílio de um caminhão-munk. O medo era que o mesmo não suportasse tal
operação. Ledo engano. Nada foi danificado. Iniciada a fase de construção da
mobília, contei com o inestimável apoio da estudante do Curso Superior de
Decoração da UFBa, Maricéles Nunes Lima, que, com muita boa vontade ia
apresentando boas sugestões, tornando o interior do veleiro muito bonito e
exclusivo.
Três anos depois o Boré Boré estava pronto para a água.
Aí, nova preocupação: como conduzi-lo até o mar? Depois de analisar todas as
possibilidades, contratei uma transportadora de serviços pesados que, com um
guindaste e uma grande carreta o conduziu, para a baía da Ribeira. Em frente 'a
Igreja Nossa Senhora da Penha, lentamente, o guindaste o colocou no mar. Foi
uma grande emoção. Até não acreditava que aquele composto de peças montadas uma
a uma estivesse dando certo. Flutuava. Rebocado para o Saveiro Clube da Bahia,
foi colocado em uma carreta, levado para terra, onde se seguiu a colocação de
quilha, leme, mastro, pintura de fundo, ferragens, etc.
Mais quatro meses se passaram. O Boré Boré tomava corpo.
Com uma boa cerveja e muitos amigos, observamos o novo barco ir para o mar.
Anna Carolina, minha mulher, as filhas Bethina, Gabriela, Carolina e Bárbara
formavam a platéia mais entusiasmada. Os amigos capitaneados por Nelito Taboada
soltavam foguetes. Uma verdadeira festa baiana. Só faltou o trio elétrico.
Terminada a colocação da interminável parafernália,
fizemos a primeira navegada. Valente, o Boré Boré singrou, pela primeira vez,
as águas da Baía de Todos os Santos. Eu, orgulhoso e feliz, sorriso largo,
observou a performance do novo barco. Os pensamentos flutuavam. Saudades do
Boré.
O desempenho sereno e suave Boré Boré me faziam desviar
das lembranças. Com ventos calmos, facilmente chegou aos 8 nós. A conspiração
valeu a pena.
Ailton Sampaio
Salvador, Janeiro 1999
Salvador, Janeiro 1999
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